Foi dado início, em Lausanne, na Suíça, ao Projeto do Cérebro Humano, que pretende criar um modelo computacional operante do cérebro humano no intuito de entendê-lo melhor e às suas doenças, bem como aproveitar esse conhecimento para construir novas tecnologias de computação. A abordagem, por focar-se na engenharia em si das ligações neurais, é inovadora em relação aos estudos do sistema nervoso central centrados nas suas patologias — e não apenas pelo propósito de entender o cérebro como um sistema computacional, mas também pelos proveitos que se espera tirar disso, como se vê. O grande obstáculo desse projeto é que, paradoxalmente, ainda não há um sistema computacional (artificial) capaz de processar as informações relativas aos 85 bilhões de neurônios interconectados que compõem o cérebro humano, para o que seria necessária a tecnologia de supercomputadores de hexaescala, que somente estará disponível, espera-se, em 2020.
"O cérebro tem um número imenso de partes interativas: mesmo se nós tivéssemos todos os dados que precisaríamos, a simulação de interações relevantes ainda assim seria muito difícil, especialmente no nível molecular. De qualquer forma, se nós começarmos a trabalhar no software agora, e orientarmos os fabricantes para construir máquinas que atendam às nossas especificações, supercomputadores logo nos fornecerão poder de processamento suficiente ao menos para começar simulações de nível molecular", segundo o organizador, Prof. Henry Markram.
A verdade é que, se o nosso cérebro fosse simples o bastante para que o pudéssemos compreender sem a ajuda de sistemas computacionais de hexaescala, então nós, por conta disso, não seríamos inteligentes o bastante para compreendê-lo, o que dá no mesmo.
A busca de inspiração para a construção de supercomputadores no sistema computacional do cérebro humano faz pensar que o grande problema dos atuais 7 bilhões de superbiocomputadores que circulam por aí é o livre-arbítrio, combinado com o mínimo de egocentrismo inerente ao instinto de sobrevivência e autopreservação. Se ao menos tivéssemos acesso a um desses hardwares sem esses pequenos defeitos de firrmware, e pudéssemos utilizar a sua capacidade computacional para o que bem entendêssemos, então seríamos capazes de construir computadores ainda mais potentes... Para que finalidade?, isso, quem sabe, esses supercomputadores um dia nos dirão.
É mais ou menos como o supercomputador
Pensador Profundo, construído por seres pandimensionais, no Guia do
Mochileiro das Galáxias de Douglas Adams, para encontrar a resposta à
questão fundamental da vida, o Universo e tudo mais, e que, no entanto,
não tinha capacidade de processamento para especificar a pergunta, senão
apenas para projetar um supercomputador ainda mais poderoso para
fazê-lo.
Para mais informações sobre o Projeto, assista o vídeo na próxima página (em inglês).
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